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[Catecismo] Virtude da ordem


Hagaro
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As virtudes são hábitos estáveis

 

O Catecismo (n. 1804) começa dizendo que «as virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da

vontade». Ou seja que não são tendências naturais e espontâneas, como traços de temperamento, mas devem ser adquiridas com empenho e esforço constante. Por isso, as virtudes humanas podem ser chamadas também “virtudes adquiridas”.

 

De conquistar a Virtude da Ordem.

São Josemaria Escrivá alertou que, para saber como vai a vida espiritual de um filho seu, basta que olhe seu guarda-roupa.

É ou não é um bom panorama?

"A virtude da ordem, para o cristão, é outra coisa: é uma maneira de praticar melhor o amor..." Pe. Faus

 

A falta da virtude da ordem

 

Para um cristão, que vive de fé e de amor, a vida está em ordem quando se encontra em sintonia com a Vontade de Deus. Se não está em harmonia com o que Deus quer, com o que Deus nos pede, a vida caminha fora dos trilhos, é uma “desordem”. Por isso, com muita frequência deveria sair do nosso coração a pergunta de São Paulo: «Senhor, que queres que eu faça?» (Atos, 9,6).

 

É lógico que essa voz, essas “palavras” do Senhor, ao nos responder, só poderão ser bem ouvidas se soubermos recolher-nos em silêncio na presença de Deus para pensar sinceramente na nossa vida, num clima de diálogo com Deus. E essa voz de Deus, honestamente escutada, é a que nos esclarece quais são as prioridades e nos ajuda a hierarquizar, pela ordem de importância, os deveres a cumprir.

 

Nunca lhe aconteceu de estar sozinho, a noite, na cama ou em algum lugar isolado e silencioso, e perceber que não consegue se concentrar, porque há uma enorme confusão, uma agitação caótica dentro de você? Cruzam pela cabeça, como foguetes, ou ficam martelando, pensamentos diversos: lembranças do dia que passou, preocupações e medos que ficam entalados, ansiedades pelo que se esqueceu de fazer ou pelo que terá de fazer amanhã, filmes em que você é o protagonista vencedor ou humilhado... E assim, não consegue se concentrar, nem rezar, nem meditar, nem falar em paz com Deus.

 

Sobre a necessidade da ordem

 

Algumas pessoas sentem uma espécie de vertigem, experimentam o malestar de quem se acha pendurado sobre o abismo do nada ou do peso colossal da consciência e por isso querem fugir de sua voz. Por isso tratam de se esquivar à sinceridade da verdade, com diversas técnicas de fuga: horas e horas de internet à toa, de televisão, de som; de baladas, de bebidas, ou simplesmente de cochilo... Precisam tapar o vazio da alma.

São sintomas de desordem que afetam o recolhimento interior, tão necessário para a vida de oração e piedade: o descontrole das emoções; e o

medo de ser sincero para se enfrentar consigo mesmo. Para superar isso, dentre outros meios, gostaria de ressaltar um método simples mas nada fácil: a ordem; tanto material como nos horários e tarefas.

 

Uma pessoa desorganizada vive com marimbondos na cabeça, que não lhe dão sossego: Tenho muito que fazer... mas o que faço primeiro? Esqueci,

não anotei, não previ... e vou chegar tarde, vou perder o prazo... Por que não aproveitei a chance de resolver ou ao menos encaminhar esse problema que agora me aflige ou me deixa frustrado? Não previ bem e agora não dá mais para estudar tudo o que falta para as provas...

Em um dia desses, quando estiver afobado e sentir a agonia de um monte de coisas a se fazer que o agitam por dentro, pare e se detenha por 5 minutos:

 

sente-se, pegue um papel ou agenda e anote os assuntos pendentes, colocandoos em coluna e recolocando-os a seguir pela ordem de prioridade que julgar melhor.

 

É importante, neste ponto, perceber que o fato de um dever ser prioritário não significa, via de regra, que seja preciso dedicar-lhe a maior quantidade de tempo:

 

1) em primeiro lugar, vive-se uma tarefa como prioritária quando se dá importância primária à “qualidade” com que se realiza. Deus não nos pede um tempo de que não dispomos. Pede-nos, sim, que, dentro do pouco tempo disponível, demos maior qualidade – qualidade de carinho, de interesse, de afabilidade – ao relacionamento Ele, com a família, e com o trabalho. E isto é sempre possível.

 

2) Há uma segunda maneira de dar prioridade a um dever: é a prioridade “cronológica”. Não a que consiste – repitamos de novo – em lhe dedicar longo tempo. Mas a que consiste em fazer o que é mais importante “quanto antes”, sem atrasos desnecessários.

Pensemos, em relação a isso, na facilidade com que empurramos para depois deveres que certamente julgamos (mentalmente) primordiais. Temos

consciência de que alguma coisa é importante e não pode ser largada; mas iludimo-nos, dizendo: “Mais tarde”; ou então: “Logo que me sobrar um pouco de tempo”. Infelizmente, esse tipo de reações é freqüente quando se trata de deveres para com Deus: missa dominical, oração, etc., ou de deveres relacionados com o serviço do próximo.

Seria lamentável que reservássemos para esses deveres, que consideramos importantes – e que são ressonâncias de apelos divinos –, somente as sobras do tempo. No entanto, é isto o que fazemos com freqüência:

deixar o refugo do nosso tempo para as exigências do amor de Deus e do amor ao próximo. Infelizmente, onde não há amor já está instalada a principal «desordem».

 

Depois disso verás duas coisas: “os marimbondos” não são tantos como a imaginação insinuava, e o tempo não é tão curto como parecia. Normalmente, dá para fazer tudo ou quase tudo. Como faz falta uma agenda, e como é grande a preguiça de usá-la!

Se ainda por cima, percebe que que se demora demais em certas tarefas, telefonemas ou papos furados e que poderia também ter aproveitado melhor alguns intervalos e tempos mortos, descobrirá que, com uma ordem bem planejada, o tempo rende bem mais do que imaginava.

Como são traiçoeiras as faltas de ordem “inocentes”, essas “preguicinhas” que tanto nos fazem sorrir. Parecem coisa de nada, e podem vir a ser coisa de muito. Um simples atraso, um descuido, um adiamento escorado numa boa desculpa… são outros tantos modos de fazer murchar as melhores resoluções e os mais belos ideais. Basta uma “pequena preguiça” na hora de levantar, para que a oração ou a comunhão seja abandonada, ou para que o trabalho seja enfrentado atabalhoadamente e sem garra.

Façamos um horário, um “plano de vida”, bem meditado e bem distribuído– melhor se for por escrito –, que crie canais efetivos para todos os

nossos desejos de fazer as coisas bem e de fazer o bem; vivamos fielmente esse plano, e então entenderemos por experiência o sentido destas palavras de São Josemaria Escrivá: “Quando tiveres ordem, multiplicar-se-á o teu tempo e, portanto, poderás dar maior glória a Deus, trabalhando mais a seu serviço” (Caminho, n. 80).

Caminho 76: "Se não tens um plano de vida, nunca terás ordem".

Então, com o dia assim preenchido e sem a ansiedade nas tarefas, chegará à noite ou acordará de manhã com mais paz, poderá sentar-se, recolher-se e estar em melhores condições de ler e de orar com sinceridade e proveito.

Falar nessas palavras – organização, planificação – evoca de imediato, nos tempos que correm, a frieza empresarial da produtividade e da eficiência. Parecem soluções muito boas para a indústria e o comércio, e muito ruins para o coração.

Todos temos a experiência de que existe uma ordem que não é boa e que se poderia chamar «defensiva» ou «bitolada»: é a da pessoa que organiza muito bem os seus horários, mas não tolera que nada nem ninguém interfira neles, e se alguém tenta, cai sobre ela a ira do interrompido. Isso não passa da carapaça com que o egoísta se protege. Bem sabemos que essa ordem pode tornar-se doentia e atingir requintes de neurose, de mania.

Assim como também não é virtude a ordem dos escravos da eficiência, que sobre o altar da “produtividade” ou do “sucesso” profissional sacrificam

Deus, a saúde, a família e as amizades.

 

A virtude da ordem, para o cristão, é outra coisa: é uma maneira de praticar melhor o amor. – primeiro: amar é querer bem, o que significa, por um lado, querer mesmo, querer de verdade; e, por outro, querer fazer o bem e tornar feliz – ou agradar – a pessoa amada;

– segundo: amar é dar, ou melhor, dar-se. Não é a procura interesseira de si mesmo, através do prazer, das satisfações ou das compensações obtidas dos outros, mas é doação.

Vejamos um segundo exemplo: um estudante (um desses católicos “comuns”, que vai à Missa “quando dá”) entende num dado momento a importância da conversa com Deus, da oração. Como é possível – diz de si para si – amar a Deus e não falar com Ele, não ter momentos de intimidade. Antes, pensava vagamente que a oração era uma coisa boa, e estava disposto a fazê-la – como tantos outros – “quando tiver vontade”, “quando sentir” … Agora, quer mesmo fazer oração, e reserva para isso um tempo diário, num horário fixo e determinado. Justamente porque “quer mesmo”, define um horário que garanta esse seu querer. Com isto, já está começando a amar, e o seu amor será mais completo quando se determinar a dar a Deus todos os dias, sem falta, esse pedaço do seu tempo – uns minutos de oração –, sem ficar calculando se gosta ou tem vontade, pensando só em agradar a Deus.

 

Por Rafael Bueno.

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