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[CS:GO] fer: "Estou aqui para fechar minha carreira com chave de ouro"


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Dois anos e meio depois de ser dispensado do MIBR, Fernando "fer" está, finalmente, de volta a uma rotina de treinamentos e jogos oficiais de Counter-Strike: Global Offensive. Apesar de ter completado em algumas partidas ao longo desse tempo, o jogador permaneceu boa parte do tempo fazendo streams na Twitch — apesar de ter pegado gosto pela atividade, o bicampeão mundial diz não ter se sentido seduzido por uma troca de carreira.



— Sendo streamer eu ganharia muito mais dinheiro, mas eu gosto de fazer o que eu realmente amo. Eu amo competir, então, para mim, qualquer hora que puder competir, eu vou trocar qualquer coisa para fazer isso, não importa o que aconteça — disse fer, na entrevista.

— [A possibilidade de virar streamer] não mexeu comigo. Para ser sincero, o que poderia falar que mexeu um pouco foi a tranquilidade. Fiquei muito tempo longe da minha família, e eu sou muito família, eles são muito unidos, então é difícil estar fora — continuou o jogador, que passou todo esse período em Resende (RJ), sua cidade natal.

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— Lá [em Resende], comecei a sair, fazer novos amigos, estava namorando uma menina da minha cidade, estava num ambiente muito confortável. Mas eu nunca fui o cara que busca conforto, eu sempre fui o cara que sai dessa zona para crescer seja no que for. É gostoso, mas eu não queria crescer como streamer — completou.

 

fer ressalta que, apesar do dinheiro e da paz, não consegue ser feliz sem estar competindo.
 

— Quando eu abro a HLTV e vejo os campeonatos que tem para jogar, eu quero estar lá. O ano que fiquei parado não doeu tanto porque os campeonatos estavam sendo online, mas, se eu tivesse vendo todo mundo no palco, no estádio, jogando, e eu em casa, eu ficaria maluco. Ganhar muito dinheiro e ficar em casa, sendo streamer, não mexeu comigo. O meu negócio é competir e, enquanto eu estiver feliz e disposto a competir, eu vou estar competindo. Nos próximos dois anos vou competir e depois vejo o que acontece.
 

A jornada

Determinado a competir, fer se juntou a alguns velhos conhecidos para formar o Last Dance, que hoje defende a Imperial Sportsbet.io. O projeto, como os jogadores se acostumaram a chamar o time, nasceu em novembro do ano passado e, em pouco mais de quatro meses, já passou por um período de treinamentos na Europa e está em seu segundo campeonato oficial - no primeiro, conseguiu vaga para disputar o RMR americano para o PGL Major Antwerp 2022.
 

— Esse era nosso primeiro passo, conseguir classificar para o primeiro major, e vou ser bem sincero, foi um alívio para mim. Estava há muito tempo sem jogar competitivamente, e estou muito feliz de jogar com os caras. Sabemos que há uma pressão natural em cima de nós, mas é uma pressão gostosa — explicou.

Essa pressão, de acordo com fer, também vem das arquibancadas virtuais. Por mais que viva uma lua de mel com a torcida, o jogador sabe que os torcedores sempre vão esperar muito dele e dos companheiros.

— Eu estaria mentindo se eu falasse que foi só da gente. Acho que os nossos fãs, o Brasil todo, tem uma expectativa em cima de nós, e isso vai acontecer para sempre. Fomos os primeiros a chegar ao topo, conseguimos representar o Brasil muito bem, e pode passar o tempo que for, podemos estar com 40 anos, eles vão ter essa expectativa. É uma expectativa deles, mas é muito mais nossa — completou.
 

Para tentar aliviar um pouco dessa pressão, fer está aproveitando a jornada. O primeiro passo foi a classificação para o RMR, e agora o time vai galgando outras pequenas conquistas em busca do grande objetivo da temporada, que é disputar o IEM Rio Major, que deve acontecer em novembro. Até que isso aconteça, o jogador quer viver o processo ao lado dos velhos amigos.
 

— O melhor jeito de aproveitar a jornada é lembrar do porquê você está nela. Eu estou nela para estar jogando com as pessoas que eu gosto, com os meus amigos, vão ser meus últimos anos, muito provavelmente vou parar de jogar depois daqui. Eu quero fechar minha carreira ao lado dos meus amigos, das pessoas que eu amo, e graças a Deus tenho essa oportunidade — disse fer.

O jogador, inclusive, confessou que seu objetivo pessoal no time é encerrar sua trajetória profissional com chave de ouro.

— O cansaço vai ser natural, estamos numa carreira há muitos anos, mas, quando você lembra o porquê você está lá, isso facilita um pouco. Estou aqui para fechar minha carreira com chave de ouro, nossa carreira foi muito brilhante, muito legal, teve sucessos, altos e baixos, dificuldades, mas acho que ainda falta um pouco para fechar isso com chave de ouro. Se terminasse do jeito que estava, antes do projeto, não seria bacana para ninguém daqui — afirmou.

— Jogar ao lado deles já é pra mim fechar com chave de ouro, mas queremos mais, queremos conquistar o que der, sabemos que é difícil replicar o que fizemos, temos ciência disso, mas acho que, se fizermos um pouco daquilo, já vai ser muito legal — completou.
 

Correndo atrás do tempo perdido

Sem competir regularmente há mais de dois anos, fer está correndo atrás do tempo perdido nos últimos meses. Dividindo a preparação entre Brasil e Europa, o jogador disse que se surpreendeu positivamente com os treinamentos no país, historicamente muito criticados por veteranos.
 

— Vários times têm treinado direitinho, estão organizados e dá para ver que eles querem treinar para evoluir. Normalmente, você chegava no Brasil para treinar e eles queriam treinar para ganhar, aí na hora do campeonato eles passam situações que não passaram nos treinos e não sabem reagir — explicou o jogador, que elogiou a postura de MIBR Academy, GODSENT Academy e 9z nos treinos.

Apesar disso, os treinamentos no Velho Continente ainda são a menina dos olhos dos jogadores de CS:GO.

— Toda vez que vamos para a Europa, é muito gostoso jogar, porque até o tier 2, tier 3, os caras jogam muito bem organizados, então é um jogo que você consegue ver bastante os seus erros, o que o seu jogo está errado, consegue adaptar e acrescentar coisas. Você pode acrescentar coisas de qualquer lugar, pode estar no Brasil e ver, só que quando você joga contra um nível menor, você vai rodar uma estratégia ou estilo de jogo e eles não vão ter forçar muita resistência naquilo. Na Europa, você faz essa estratégia dez vezes e vai ter seis ou sete situações diferentes ali, o que faz você saber em quais ocasiões a sua estratégia é boa ou ruim — explicou.

— Você consegue aplicar a estratégia, ver as falhas dela, o que não acontece no nível baixo. É por isso que na Europa é gostoso de jogar, você consegue rodar todo seu estilo, de jogo contra times que você nunca vai enfrentar em campeonatos. Esse é o bom de jogar contra times bons nos treinos, os caras conseguem mostrar uma resistência em uma situação que você não passará em nível baixo. Foi muito proveitoso, foi pouco tempo, mas acabou que esse negócio de guerra deixou as coisas meio perigosas, com risco dos aeroportos fecharem, e decidimos voltar. Mas, no pouco tempo lá, conseguimos colocar uma Nuke bem jogada, que era um mapa que não jogávamos. Todos gostavam de jogar individualmente, mas não como time, e lá na Europa conseguimos fazer isso. É sempre muito bom, muito proveitoso, estar na Europa — completou.

 

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Os primeiros meses de time, inclusive, já serviram para que fer entendesse que o jogo mudou bastante desde que ele estava no topo dele, entre 2016 e 2017. Na época, fer se destacou pelo estilo de jogo ofensivo, que é quase um padrão na época atual.

 

— Quando eu comecei a jogar naquele estilo, ninguém jogava assim. Basicamente, acabei inventando um meta de jogar agressivo de CT, dos times agressivos, mas isso não existia. O que a galera joga hoje é o que eu comecei a fazer lá atrás — contou.

— Eu não sinto dificuldade porque é o jeito que eu gosto de jogar, é um jeito mais agressivo, com muito mais situações, dentro do jogo, e é um pouco de bagunça, de fazer o que dá e jogar uma situação depois, era assim que eu jogava e hoje temos muitos jogadores assim. Eu sei como jogar e não tenho dificuldade de enfrentar esses jogadores — explicou fer, que usou Yekindar como exemplo da nova geração de "rushadores".

Mesmo que já se sinta acostumado, fer admite que terá que atualizar - e talvez acelerar -, ainda mais seu jogo.

— Dá para você se reinventar o tempo todo, mas é muito difícil... Acho que não vou precisar me reinventar, mas vou aprimorar o que eu era no passado. Hoje está mais agressivo do que antes, há muitos jogadores e até times inteiros batendo o tempo inteiro. O cara perde um lugar e bate em outro, é tudo muito mais rápido hoje. Tenho que aprimorar o que eu fazia antes, mas não acho que vou precisar me reinventar. Se eu precisar, daremos um jeito.
 

Essa necessidade de reaprender alguns aspectos do jogo coloca fer no centro de uma antiga discussão — a que o veterano não gosta de assistir a demos e estudar o jogo dos adversários. fer aproveita para explicar a velha polêmica.
 

— Não é que eu não assistia nada, é óbvio que eu assistia, mas os meus treinadores sempre me ajudaram muito. Se eu jogo numa posição tal, e eles me falavam que tinha um jogador fazendo umas jogadas legais lá, eu dava uma olhada para ver o que era. Mas eu nunca gostei de assistir demo por completo, para saber como os jogadores e times jogavam, porque pra mim isso não importava, porque eu gostava de impor o meu ritmo, porque achava que meu jogo era a arma mais forte que eu tinha. Eu não precisava mudar o meu jogo porque fulano fazia uma coisa diferente — explicou.

— Era por esse motivo que eu falava que não gosto de assistir demo, porque quando eu assistia ou alguém me passava muita informação para mim, aquilo acabava mudando o meu jogo. E quando mudava o meu jogo, eu saía da zona de conforto e eu não gostava. Para mim era bem tranquilo, porque o meu estilo de jogo ia bem contra todos, era assim que eu pensava e deu muito certo — continuou.

 

Atualmente, fer, disse que está assistindo aos replays, mas de uma maneira coletiva e não individual.

 

— Fiquei um tempo fora, o meta mudou bastante. VINI, FalleN e boltz estavam jogando regularmente e, pelas conversas, conseguimos entender que o jogo mudou. E as demos a que eu assisto hoje são mais com o time, para entender mais como o jogo está sendo jogado e eu olho para dentro do meu jogo e vejo como ele pode melhorar dentro dessa meta. Não acho que copiar os outros seja a melhor coisa para o meu jogo. Eu acho que sou um cara que, quando fazem uma jogada contra mim, eu me ferro, mas, se ela for boa, eu saco na hora. Sou um cara que não precisa ficar assistindo a demo para entender o que está acontecendo. Eu prefiro sofrer nos treinos, entender, testar e impor no meu jogo. É assim que faço. E as outras coisas vou criando da minha cabeça.

Um dia após o outro

Enquanto joga a seletiva da BLAST Premier Spring Showdown, a Imperial ainda não sabe muito bem o que será do seu futuro. Apesar de pretender se mudar e ter até alugado uma casa nos Estados Unidos, a equipe quer jogar o que vier pela frente para conseguir somar pontos nos rankings mundiais, usados para convidar equipes para campeonatos.

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Ele ainda revelou que o time pretende viajar em breve, conseguindo ou não a vaga para a BLAST, que será disputada online na América do Norte.
 

— Eu não estou muito por dentro, mas acho que talvez vamos ter que ir pelo caminho de ganhar as DreamHacks [agora chamadas de ESL Challenger], para poder chegar lá em cima. Queremos estar na Pro League, mas não sei [o que vamos fazer] — contou.

— Tem o qualificatório da IEM Dallas, outras IEMs lá fora, então talvez vamos ter que ir lá jogar alguns, mas realmente ainda não sabemos. Quando você está num time que não tem ponto para nada, a sua agenda é doida, não adianta você fazer um planejamento porque, se ganharmos a [seletiva da] BLAST, tudo muda. Estamos vivendo um dia após o outro para fazer essa agenda, e essa é a dificuldade de um time recém criado. Fazia tempo que não tínhamos isso, mas nos dispomos a fazer esse projeto, e agora temos que viver um dia após o outro.

Dois anos… ou mais

Pressão, amizade, incertezas, todas as sensações que estão na cabeça de fer parecem desafios de um jogador em começo de carreira, e não de um veterano com mais de dez títulos internacionais e duas aparições no ranking da HLTV. Ciente disso, fer pretende seguir nessa vida por mais dois anos, mas pode prolongar esse período.
 

— Neste momento, a minha vontade é jogar mais dois anos e parar. Eu não sei o que quero fazer depois em relação ao CS, eu realmente não sei. Gosto de fazer streams, ter contato com os fãs, mas não sei. Pode ser que a gente comece a dar muito bom, e ninguém queira parar mais e eu jogue mais cinco anos — desabafou.

— Hoje quero jogar o máximo que eu puder, estou focado só no jogo e não tem mais nada na minha vida que esteja buscando 1% da minha atenção, é 100% nisso aqui. Vou viver esses dois anos aqui e fazer eles serem os mais proveitosos possíveis. Óbvio que eu tenho ambições, quero ganhar campeonatos, não sei se conseguiremos chegar no topo, mas estou vivendo um dia após o outro, tentando buscar a felicidade aqui, e enquanto estiver feliz vou estar jogando — finalizou.

— Precisamos desses pontos para conseguir convites para outros campeonatos. Além da BLAST ser muito legal de jogar, se nos classificarmos, mesmo que o nível seja mais alto, vamos conseguir convites de outros campeonatos. Os qualificatórios abertos são duros, difíceis, cansativos. [No RMR] jogamos cinco md1 uma seguida da outra, sem tempo para comer ou fazer alguma coisa, e é uma rotina a que não estamos acostumados — disse fer.


Fonte: GE

 
Editado por Maverick
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