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fanwork Ultraviolence: Cap. 2 Resquício de Esperança (Darkfic/Original)


♑ Luq
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"Vermelho, não.

 

Era negro.

 

Todo esforço é em vão,

 

Não há segredo.

 

Não há salvação".

 

*Era um belo prado, grama verde, relva crescente. O vento que vinha do norte trazia uma boa sensação na pele. Sol ameno, nuvens brancas do tipo que forma coelhinhos no céu. O Lugar perfeito. E meio que em contraste com todo esse ambiente, estava ali, em pé. Um garoto com seus cabelos negros observando aquele lindo ambiente. Parecia calmo, ao menos por enquanto.

 

Prestou atenção em todo o lugar, e reparou que a mesma grama e o mesmo céu seguia constante até o horizonte e quem sabe além. Porém, havia uma coisa a mais, uma árvore, aparentemente seca, com seus galhos espalhados como se estivesses espetando o céu. Deu um passo em direção a ela, outro passo, mais alguns passos. Nada adiantava, quanto mais andava mais longe a árvore parecia estar. Andou com mais pressa, aumentando sua velocidade gradualmente até que finalmente estivesse correndo, correu sem poupar forças, gastando totalmente sua energia, gastando completamente o seu fôlego, e mais uma vez, de nada adiantava. Parou, não por ter desistido, mas por necessidade.

 

Observou com mais critério, e dessa vez viu o que antes não tinha visto. Percebeu com detalhes todos os dez únicos galhos que a árvore apresentava, uns obviamente mais robustos que outros. Não só isso, depois de mais algum tempo de observância conseguiu reparar que a árvore não era exatamente o que parecia, mas sim um monte de metal retorcido, algo que nunca teve vida.

 

Pronto, ali estava. Parado de frente para a escultura. Era como se objeto o estivesse testando, como se aquele monte de metal estivesse o fazendo de bobo. Incrivelmente se sentiu atraído por aquele estranho artifício no meio da pradaria. Levantou a mão nua, mas estava hesitante em tocar o metal. Mesmo assim tocou.

 

Sua mão antes quente, agora se tornava fria. Seus lábios antes vermelhos, agora ficavam roxos. Sua pele que era rosada, agora estava razoavelmente pálida. O Objeto parecia aos poucos sugar todo o calor que nele havia. Em compensação o metal criou vida, na estrutura acinzentada surgiram folhas, frutos e flores em quantidade surpreendente. A estrutura contorcida ia dando espaço a uma madeira macia e bela. Dessa vez não era metal que parecia árvore, era de fato uma árvore.

 

Sua pele estava grudada ao tronco, como se ele já fosse parte do ser. Não como uma folha ou fruto, mas como o adubo que serve somente para nutri-la. Sabia que se continuasse ali morreria, mas também sabia que de nada ia adiantar se esforçar para tentar sair dali. E não se esforçou, apenas se concentrou em contemplar toda a exuberância que a árvore exibia. E sem pedir, seus dedos se soltaram sozinhos da madeira macia.

 

Sentiu-se leve. Sentiu-se morto*.

 

Axel mais uma vez acordou assustado, dessa vez menos que nos dias anteriores. Não foi a primeira vez que teve esse sonho, e sem duvida não será a ultima. Estava sentando em sua cama, mas como era de costume não abriu os olhos. Nunca abria os olhos sem antes por os óculos com armação avermelhada. Ele não gostava do que via quando não estava com eles.

 

Apalpou com cuidado o criado-mudo ao lado da cama em busca das lentes. Hesitou um pouco ao sentir a madeira fria e se lembrar do sonho. Logo encontrou, era impressionante como uma simples estrutura de plástico e vidro podia transmitir tanta segurança para aquele rapaz. Posicionou a armação no rosto e enfim abriu os olhos, se deparando com a parede branca de seu quarto.

 

Pôs-se em pé, vestiu a habitual camiseta preta, a calça jeans e o jaleco branco. Assim que abrisse e saísse pela porta, deixaria para trás todos os traumas causados pelos seus sonhos. Mais forte do que aparenta ser. Afinal, se não fosse, ele não estaria neste lugar.

 

A 3° ala era sem duvida a menos macabra de todo o Instituto, pois ali havia apenas dormitórios. E Axel andava por entres os vazios corredores sem pressa alguma, com o cigarro na boca, tentava relaxar antes de chegar à ala de pesquisas. Mesmo depois de uma semana convivendo com aquelas criaturas, sabia que ainda não tinha estomago para vê-las se alimentar. Não era capaz de somente observar sem se por no lugar da comida.

 

Chegou ao grande portal de metal que dividia a 3° ala da 2° ala, passou seu cartão de acesso no identificador e então à porta abriu. Respirou fundo e então entrou no próximo corredor.

 

–Senhor Axel, Senhor Axel. – Um homem comum, um funcionário qualquer correu até o moreno. – Aqui está sua planilha. – O Homem entregou uma prancheta com alguns papeis.

 

Axel, sem tirar o cigarro da boca passou os olhos pelo papel e já sabia exatamente para onde deveria ir. E não era surpresa, mais uma vez deveria estar na sala quatro, para monitorar e estudar as cobaias Quatro e Cinco.

 

Gêmeos. Clostridium tetani. Rosie e Alexius. Aparentemente 17 anos. Nasceram há quatro dias, e pelo visto possuem uma conexão muito forte. Ambos são calmos, e serenos. Até agora não se alimentaram. Não idênticos. Ele possui o cabelo cor de ferrugem, barba rala no queixo. Ela, já tem fios lisos e castanhos e é evidentemente mais "bronzeada". E o papel do Dr. Axel é descobrir o porquê, que de todas as experiências, eles foram os únicos a nascerem gêmeos. Há um motivo, ou é coincidência?

 

O Moreno chegou à sala, tentando não manter contato visual com as cobaias, mas realmente era impossível. A beleza existente neles era imprescindível, seu olhos meio que por instinto se dirigiu automaticamente a eles, mais especificamente a ela. Alguma coisa nela o chamava muito a atenção.

 

–Oh! Dr. Axel, você finalmente apareceu. – Srta. Nicchol estava sentada em uma das cadeiras dispostas na sala, ela parecia impaciente, pois passava uma caneta de um dedo para outro. – Achei que não chegaria mais.

 

–Estou aqui não estou? – Ele ignorou as provocações da ruiva. Sentou-se e se focou nos dados que surgiam. Mais uma vez, o resultado dos últimos exames não o impressionou. Nada parecia mostrar resultado, pelo o que parecia, havia sido coincidência.

 

–Pelo o que eu vi, eles não comem desde que nasceram. Quer mata-los de fome A-xel. – Ela disse o nome dele passando a língua pelos lábios, como se fosse capaz de provoca-lo. – Creio que seu pai não gostara disso.

 

–A comida irá atrapalhar no resultado dos exames. – Mentira. Ele não queria alimenta-los, não queria ver, sabia que não teria estomago para isso. – Falando em meu pai, onde ele está?

 

–Paquerando seu novo favorito. – Ela pareceu ficar convencida com a desculpa de Axel, pois ignorou completamente o assunto. – Desde que A 3° Cobaia nasceu, não sai daquela sala. Parece que o ama mais que a você.

 

O médico nunca entendeu o motivo de ela o alfinetar tanto, nem nunca entenderá. Talvez se ele parasse um tempo para pensar no assunto descobriria, mas na verdade, ele nunca se importou com isso e de certo modo, até gosta.

 

–Sim, provavelmente. – Ele disse por dizer. Parou de anotar e focou seus olhos nos dois.

 

Os gêmeos pareciam conversar sem abrir a boca, apenas se olhando. Às vezes a garota soltava um sorriso e Axel se pegava pensando no motivo daquele sorriso. Era evidente que estavam famintos, pareciam magros e com uma aparência doente, quase era possível sentir dó deles. Ele se encantava com isso, por algum motivo, ele se atraia por essa aparência doentia, e gostava de sentir que as pessoas ao seu redor estavam fracas. Adorava ser médico por isso. E é exatamente por isso que fumava e se alimentava mal, sempre quis fraquejar, adoecer, mas não importa o quanto tente. Nunca consegue.

 

Ele ficou mais alguns minutos observando os dois, imóvel, parado. Vidrado neles e em seu comportamento. Srta. Nicchol balbuciou alguma coisa sobre ir checar as outras cobaias, porém ele a ignorou. Ele se perdeu no tempo.

 

–Assim eles morrerão. – O Homem grisalho estava escorado na porta, com um olhar frio. Sem sorriso nos lábios. Alguns diriam que ele estava decepcionado. – Alimente-os, ou está com medo?

 

–Pai! – Finalmente saindo de seu transe, ainda estava um pouco tonto por olhar muito tempo para um mesmo ponto. – Há quanto tempo não lhe vejo, nem parece que estamos no mesmo edifício. E alias, como está à cobaia numero três?

 

–É, não tente mudar de assunto. – O Grisalho entrou na sala, e pressionou o botão esverdeado no painel. – Traga a ração. – Disse com a boca em um microfone acoplado a mesa.

 

–Pai, não. Preciso deles assim para não alterar os resul....

 

–Acha que sou imbecil Axel? – Interrompeu o garoto sem dó alguma. – Sou seu pai, e um médico mil vezes melhor, acha mesmo que eu não sei que eles se alimentarem não alterara em nada esse tipo de exames? Seu problema é que você não tem visão.

 

Axel apenas abaixou a cabeça, está acostumado a apenas ouvir o pai falar. Sabia que o retrucar só faria piorar as coisas. Ao invés de se preocupar com as palavras de seu pai, tentou se concentrar em tentar preparar sua mente para o que iria ver.

 

Um grande homem entrou na sala, parecia drogado. Andava cambaleante, com as pupilas dilatadas. Ele era um homem obeso, estava com uma regata branca e caças pretas. Dele saia um odor nada agradável.

 

–Uma grande refeição, afinal eles são dois. – Dr. Suzain abandonou completamente a postura que tinha á alguns minutos. Agora mais uma vez parecia o médico louco que realmente era, exibindo um sorriso de orelha a orelha. – Ponham-no na sala, quero ver como Alexius e Rosie agiram.

 

A porta de acrílico abriu, e o homem andou sozinho até a sala. Provavelmente não sabia o que estava fazendo. Começou a andar de um lado para o outro, parecia tentar focar a visão em algo. Logo ele notou a garota.

 

–Nossa! Que garotinha linda. – O Gordo disse enquanto andava entre tropeços até a garota que parecia não se importar com a situação. – Imagine ela me chupando, deve ficar mais linda ainda. – Ele continuou andando, enquanto os gêmeos não se mexiam, porem Alexius estava em pé, um pouco atrás de Rosie.

 

O Homem continuou andando, alguns segundo de Rosie. Alguns centímetros. Uma respiração de distancia. Ele começou a desabotoar a calça e a garota ainda não se mexia. Ela não precisou se mexer, muito menos seu irmão. Pois em um estalo de dedos o homem caiu no chão se retorcendo, babava e gritava. Dizia: "Dói, esta doendo muito. Matem-me, me matem. Me matem."

 

Axel olhava toda a cena com uma mão na boca, tentando não gritar junto com ele. Estava assustado, mas no fundo sabia que na verdade estava com inveja. Seu pai, já estava diferente, ria alto como se estivesse em um show de stand-up qualquer. O Moreno não entendia como seu pai conseguia rir daquilo.

 

Logo o homem parou de gritar, parou de babar, parou de se debater. Os gêmeos se posicionaram um a esquerda e o outro a direita. E se banquetearam com a gordura. Pareciam felizes. E mais uma vez, Axel se pegou notando o sorriso da garota.

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Tá ae, escrevi ó... aceito Fanarts :3

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