Ir para conteúdo
Faça parte da equipe! (2024) ×

política Sobre o artigo de Luciano Huck: O Brasil Precisa de Um Novo Começo


Kraster
 Compartilhar

Posts Recomendados

Baseado nas declarações dadas pelo apresentador de televisão e possível candidato a Presidência da República do Brasil em 2022, opine sobre as declarações dadas por ele em um artigo publicado no site Project Syndicate. Ele tem razão? Os conteúdos que ele apresentou podem ser complementados? 

 

Tradução de Máquina para Português - Se tiver conhecimento em inglês, leia o artigo publicado no site.

Spoiler

Artigo - 5 de Fevereiro de 2020

 

Brasil precisa de um novo começo - por Luciano Huck

 

Desde a restauração da democracia, em 1985, o Brasil tem obtido notáveis ganhos quando se trata de domar a inflação, a ampliação da assistência social e até mesmo a redução da pobreza. Mas a menos que o país possa combater o aumento da desigualdade e restaurar a fé em sua liderança política, esses ganhos podem ser perdidos.

 

RIO DE JANEIRO – "Rezo para que minha família um dia participe de menos funerais e mais formaturas". Essas palavras, ditas por Douglas, um brasileiro de São Gonçalo, ressoavam nos meus ouvidos como um tiro. O pai de Douglas morreu em uma chuva de balas antes de Douglas nascer; sua mãe foi baleada no seu 11º aniversário. Como tantas crianças brasileiras da idade, ele foi forçado a abandonar a escola para pagar as contas de seus irmãos.

 

Depois de passar um tempo com Douglas em São Gonçalo, uma das cidades mais pobres e violentas do estado do Rio de Janeiro, ficou óbvio para mim que ele foi vítima da "loteria cepa". Douglas vive em uma das cidades mais desiguais em um dos países mais injustos do mundo. Estatisticamente, levará mais nove gerações até que alguém de seu bairro suba para a classe média.

Douglas não está sozinho. Como artista da maior rede de televisão do Brasil, passei duas décadas compartilhando as histórias de pessoas que vivem nas maiores favelas do país e comunidades amazônicas mais remotas. E como empreendedor social, estou constantemente buscando novas formas de desbloquear o potencial das dezenas de milhões de brasileiros que vivem na pobreza.

Desde que me lembro, o Brasil tem sido ridicularizado como um país eternamente esperando o futuro chegar. O maior obstáculo para o progresso é a desigualdade, que está ligada ao legado brasileiro de colonialismo, escravidão e instituições exclusórias, e perpetuada pelo desrespeito cínico das elites brasileiras pelos pobres. Embora sucessivas administrações presidenciais desde a restauração da democracia em 1985 tenham domado a inflação, ampliado a assistência social e até mesmo reduzido a pobreza, a desigualdade tem permanecido teimosamente alta.

 

Pior, evidências recentes mostram que a desigualdade no Brasil voltou a se expandir, potencialmente eliminando grande parte do progresso das três décadas anteriores. O principal culpado é um sistema regressivo de impostos e subsídios que beneficia desproporcionalmente pessoas mais ricas como eu. O Brasil tem baixas taxas de renda e imposto sobre a propriedade em relação a outros países da OCDE, mas impõe uma onda de impostos indiretos aos pobres.

 

Se o Brasil vai ter alguma chance de reduzir a desigualdade, precisa de melhorias drásticas na cobertura e qualidade da educação pública básica. Enquanto cidadãos ricos recebem educação de alta qualidade, os mais pobres como Douglas são rotineiramente forçados a deixar a escola prematuramente, devido à violência e pressões financeiras incapacitantes. Isso ajuda a explicar por que ainda há mais de 11 milhões de brasileiros com 15 anos ou mais que não podem ler nem escrever.

 

O Brasil precisa desesperadamente melhorar a eficácia de suas 200 mil escolas públicas. Em vez de construir novas instalações, devemos encontrar maneiras de gastar de forma mais eficiente, com foco na formação de professores e desenvolvimento de carreira, educação infantil e currículos para o século XXI. Melhorias recentes nos resultados educacionais no Ceará, Piauí e Espírito Santo mostram que o rápido progresso é possível.

 

A luta do Brasil contra a desigualdade não pode ser vencida a menos que a rede de segurança social do país sirva a todos os cidadãos. Estima-se que existam 43 milhões de brasileiros vivendo atualmente na pobreza, mais de 13 milhões dos quais vivem em extrema pobreza, o nível mais alto em sete anos. Felizmente, a inteligência artificial e as tecnologias de big data podem ajudar a melhorar a qualidade e a cobertura dos serviços, e a um custo menor do que em qualquer momento do passado.

 

Mas para melhorar a educação e a inclusão social, o Brasil precisará de novas lideranças. Hoje, a maioria dos brasileiros está frustrado e desesperado. Em 2013, bem antes dos protestos em massa que se alastraram no Chile e no Equador, o Brasil viveu uma das maiores manifestações de sua história. A eleição presidencial de 2018 que levou Jair Bolsonaro e seu governo de extrema-direita ao poder revelou a extensão da polarização e da insatisfação entre o eleitorado. Exaustos pela corrupção generalizada e estagnação econômica, os brasileiros votaram pela mudança. Desnecessário dizer, as opiniões estão divididas sobre se a presidência de Bolsonaro unificará os brasileiros e transformará o país para melhor.

 

Para muitos na minha geração, a política é vista como um negócio sujo que é melhor evitado. Mas, olhando para trás, agora reconheço que compartilho a culpa por este resultado. Como a política não vem naturalmente para mim, eu estava insuficientemente envolvido neste domínio crítico.

 

Mas minha geração não pode mais aceitar as coisas como são. Chegou a hora de o Brasil renovar seu contrato social. O país precisa de uma ampla coalizão política para conter a desigualdade, emprestando as melhores ideias tanto da esquerda quanto da direita. A pureza ideológica e as políticas desinformadas não resolverão os problemas mais urgentes do Brasil. Além disso, precisamos de políticos e funcionários públicos que sejam tecnicamente e eticamente qualificados para o trabalho. Mas não podemos esperar que os formuladores de políticas tenham sucesso sem ajuda externa.

 

Em 2017, esses desafios me levaram a me juntar ao Agora, um movimento cívico dedicado a mobilizar uma nova geração de jovens líderes que se comprometeram a dedicar pelo menos dois anos de suas carreiras ao serviço público. Logo depois, ajudei a lançar o RenovaBR, uma escola de formação não partidária para potenciais líderes políticos. Em nossa primeira chamada para candidaturas, atraímos mais de 4.600 submissões de pessoas que nunca estiveram envolvidas na política. Eles foram atraídos pelo nosso apelo "para ser o candidato em quem você gostaria de votar". Dos mais de 120 candidatos bem-sucedidos, 17 foram eleitos para o cargo federal em 2018. Em recente convocação para candidaturas antes das próximas eleições municipais do Brasil, recebemos mais de 31 mil submissões.

 

Candidatos apoiados por grupos como Agora e RenovaBR oferecem uma visão inspiradora e positiva de um Brasil mais aberto e pluralista. Eles estão focados no que realmente importa: fechar a enorme lacuna entre ricos e pobres. Por causa deles, ainda estou otimista com o Brasil. Se atingirmos a desigualdade com as ferramentas à nossa disposição, Douglas e milhões de crianças como ele viverão para assistir a mais formaturas e menos funerais.

 

 

YJQnPbV.png

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • 'Administrador

Tudo no brasil precisa mudar, tudo, é tudo ruim.
Exploração de riquezas é ruim, nossa índole de sempre querer ganhar em cima dos outros 

é ruim, nosso ego inflado que faz com que achássemos que estamos certo e temos razão de tudo.
Como disse uma grande mulher:
"Seres humanos são miseráveis, invejam quem tem mais e desprezam quem tem menos, ódio e inimizades surgem

a partir de qualquer desavença..."

r4rK0sn.png

hznKDrd.gif

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

  • Velha Guarda

Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo ótimo tópico, essas discussões são realmente uma necessidade latente na atualidade.


Eu não sei pra vocês, mas pra mim todo o escopo do texto, assim como todas as entrevistas, anúncios e bate papos que eu tenho visto do Luciano Huck me soam um tanto quanto apelativas, sempre vejo ele dizendo coisas como: "Como artista da maior rede de televisão do Brasil, passei duas décadas compartilhando as histórias de pessoas que vivem nas maiores favelas do país e comunidades amazônicas mais remotas. E como empreendedor social, estou constantemente buscando novas formas de desbloquear o potencial das dezenas de milhões de brasileiros que vivem na pobreza." A impressão que eu tenho não é de estar escutando ou lendo relatos e indagações de um cidadão preocupado e disposto a batalhar por mudanças, mas sim de um político em campanha eleitoral, desesperado pra mostrar o quanto ele é generoso e assim conquistar votos. Mas não vou me aprofundar nesse assunto, até porque não faz sentido discutir isso, Huck foi a vida toda treinado para fazer isso com seus programas circenses, onde ele faz com que o pobre se humilhe em rede nacional, dançando ou cantando, pra no final receber uma reforma na sua "lata velha".

 

Quero falar um pouco sobre o artigo em si. Tem dois pontos muito distintos que eu queria apontar no texto, o primeiro é que ele de fato faz indagações muito precisas sobre a atual situação do Brasil tocando nos três importantes pilares da sociedade: segurança, educação e economia. Ele fala sobre os problemas latentes da segurança, sobre um grande problema que é o alto índice de mortos por balas perdidas no Rio de Janeiro (coisa que vem afetando todas as capitais dos estados do Brasil, li um ótimo artigo que fala sobre isso, vou tentar achá-lo e deixar o link no final do texto), fala sobre a desigualdade alarmante que existe e sempre existiu no nosso país, o que não é nenhuma novidade pra nós, mas não traz nenhuma solução para esses dois problemas, o que também não é uma exclusividade de Huck, esse roteiro é recorrente nos discursos e pronunciamentos políticos no Brasil, sempre apresentar um problema e não falar da solução.

 

Entretanto ele me surpreendeu bastante ao falar de um ponto que talvez seja o principal a ser discutido nas políticas públicas brasileiras, que é a educação. Ele fala sobre alguns dos problemas do Brasil, e atrela esses problemas à educação, e diferente dos dois problemas citados por ele anteriormente, dessa vez ele apresenta soluções, fala sobre uma reforma nos currículos escolares ser necessária (de fato é), fala sobre o maior investimento em formação de professores (concordo em partes, acho que temos preocupações mais latentes a serem resolvidas), e fala sobre a má administração do dinheiro público e dos baixos investimentos em educação.

 

Outro ponto que me incomoda bastante no discurso adotado por Huck no artigo, é a sua imparcialidade, ele menciona governos passados sem criticar diretamente os erros cometidos por eles, ao mesmo tempo que menciona o atual governo de Bolsonaro, sem fazer uma crítica se quer ao governo, e aqui ainda acho pior porque ele deixa claro sua imparcialidade ao dizer que não se sabe se os frutos do atual governo serão positivos ou não. Ahh mas qual o problema disso? O problema disso é que uma vez que ele é imparcial não dá pra saber ao certo qual será a sua predisposição política, quais serão os ideias defendidos por ele.

 

Enfim, achei o texto bem conciso e é uma ótima reflexão sobre a situação social atual do Brasil, mas ainda não vejo Huck como uma possível figura positiva na política brasileira, apesar dos ótimos ideias e pretensões, não acho que ele seja o que o Brasil realmente precise no momento, ainda acho ele um político fraco e creio que se ele viesse a se tornar presidente, seria mais uma marionete do sistema, até porque de economia ele não entende nada, e de boas intenções o inferno está cheio.

Editado por Shader5

62QMw7T.png.7fb04ebe57269eec0f1bb515e1089dfa.png

Link para o comentário
Compartilhar em outros sites

Participe da Conversa

Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Cadastre-se Agora para publicar com Sua Conta.
Observação: sua postagem exigirá aprovação do moderador antes de ficar visível.

Unfortunately, your content contains terms that we do not allow. Please edit your content to remove the highlighted words below.
Responder

×   Você colou conteúdo com formatação.   Remover formatação

  Apenas 75 emoticons são permitidos.

×   Seu link foi incorporado automaticamente.   Exibir como um link em vez disso

×   Seu conteúdo anterior foi restaurado.   Limpar Editor

×   Você não pode colar imagens diretamente. Carregar ou inserir imagens do URL.

 Compartilhar

×
×
  • Criar Novo...

Informação Importante

Nós fazemos uso de cookies no seu dispositivo para ajudar a tornar este site melhor. Você pode ajustar suas configurações de cookies , caso contrário, vamos supor que você está bem para continuar.