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EUA, sede da próxima Copa, vive extremos em relação ao futebol


CyberLady
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Desinteresse pelo esporte é nítido em estados como Arizona, na fronteira com o México; países dividirão com o Canadá próximo mundial

Phoenix (EUA)

Uma das TVs instaladas no restaurante do hotel Renaissance, em Phoenix (EUA), até estava sintonizada no jogo entre Portugal e Suíça, mas praticamente ninguém olhava para ela.

 

Enquanto os portugueses aplicavam nas oitavas de final uma das maiores goleadas da Copa do Mundo do Catar (6 a 1), os frequentadores estavam mais interessados em outros aparelhos no ambiente, que mostravam reprises de lutas de MMA, debate sobre golfe e apresentação dos jogos do dia na NBA, a liga norte-americana de basquete.

 

Sede da próxima Copa do Mundo, em 2026, compartilhada com México e Canadá, os EUA ainda parecem estar distantes de aderir ao futebol, ou soccer, ao menos no Arizona, onde a Folha ouviu moradores e não viu nada alusivo ao mundial. Mas há sinais de respiro em outros locais.

Torcedores, maioria latinos, acompanham no aeroporto de Miami (EUA) partida em que a Argentina eliminou a Holanda nos pênaltis na Copa do Mundo do Catar
Torcedores, maioria latinos, acompanham no aeroporto de Miami (EUA) partida em que a Argentina eliminou a Holanda nos pênaltis na Copa do Mundo do Catar - Leitor

É verdade que o cenário melhorou desde que o país abrigou pela primeira vez um mundial, em 1994, mas os obstáculos para o crescimento da modalidade passam por um melhor futebol da seleção em Copas e pela MLS (Major League Soccer), a principal liga de futebol do país.

 

Desde então, o melhor desempenho da seleção local numa Copa foi atingir as quartas de final em 2002, quando perdeu da Alemanha (1 a 0), que viria a perder a final para o Brasil. Em 1930, no primeiro mundial, chegou à semifinal.

 

"Não temos um time forte, nem sei como passou de fase", disse o analista William Martinez, ao explicar a indiferença dos moradores com o campeonato.

 

Nas ruas, as pessoas ignoravam a Copa. Outras dez pessoas abordadas pela reportagem se limitaram a dizer que não estavam acompanhando o campeonato e não se via nada alusivo à competição em lugar algum.

 

E isso num estado que fica na fronteira com o México e que tem influência do país vizinho, que ama o futebol, em sua gastronomia, por exemplo.

De 1990 a 2014, os EUA estiveram em todas as Copas, mas a ausência em 2018 foi um baque nas pretensões futebolísticas do país.

 

Cidade que abriga o Suns, tradicional time da NBA, Phoenix se preocupava mais com o confronto da equipe com o Boston Celtics —ambos então lideravam suas conferências na competição— e com a visita do presidente Joe Biden às instalações de uma fábrica em construção no norte da cidade.

Foi anunciado um

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, um dos principais gargalos do setor industrial no mundo hoje, mas Biden recebeu críticas de republicanos, oposicionistas, por ir pela primeira vez ao Arizona, na fronteira com o México, e não visitar a região fronteiriça.

 

"Até gosto [de futebol], mas a gente socializa mais com os amigos assistindo basquete ou NFL. Cresci assim", disse Paul Ross, outro que afirmou nada ter sentido após a eliminação de sua seleção da Copa.

 

A equipe dos EUA terminou a primeira fase na segunda posição do grupo B, com cinco pontos, atrás somente da Inglaterra, com sete. Em três jogos, o time venceu um e empatou dois. Fez apenas dois gols, mas tomou só um.

 

Nas oitavas de final,

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, ao perder por 3 a 1 no dia 3, e deu adeus à Copa.

 

Se houve comoção em algum lugar, ela não chegou à casa do motorista Daniel James. "Os EUA serem eliminados é normal, estranho é ver grandes equipes, como Alemanha, fora."

 

Em outro restaurante, cenário semelhante: nenhuma das cinco TVs exibia notícias da competição no Oriente Médio. Uma delas passava um podcast sobre golfe.

Num voo entre Phoenix e Miami, na última sexta-feira (9), poucos passageiros demonstravam reações com o jogo entre Brasil e Croácia, cuja prorrogação começou assim que o avião decolou do Sky Harbor, o aeroporto da maior cidade do Arizona. Para ser mais preciso, talvez só o jornalista e outros dois brasileiros a bordo, também jornalistas.

 

Phoenix não foi uma das 11 cidades escolhidas para sediar jogos do próximo mundial, o que pode ajudar a explicar o desinteresse pelo esporte, mas Miami sim, numa aposta de atrair sobretudo torcedores latinos.

 

As lojas com TVs na área de embarque do Miami International Airport estavam repletas de torcedores vendo o confronto entre Argentina e Holanda, no mesmo dia, válido pelas quartas de final da Copa.


Sedes da Copa 2026

EUA

  • Atlanta
  • Boston
  • Dallas
  • Houston
  • Kansas City
  • Los Angeles
  • Miami
  • Nova York / Nova Jersey
  • Philadelphia
  • San Francisco
  • Seattle

México

  • Cidade do México
  • Guadalajara
  • Monterrey

Canadá

  • Toronto
  • Vancouver

Funcionários das lojas se misturavam aos torcedores, prioritariamente argentinos, mas havia outros sul-americanos, inclusive brasileiros.

 

"Sem vocês [Brasil], o caminho ficou mais facilitado", disse ao jornalista o argentino Claudio Vazquez.

 

Comerciante em Minas Gerais, João Corrêa usava uma camisa da seleção brasileira poucas horas após a eliminação nos pênaltis contra a Croácia e disse que, apesar da derrota, estava satisfeito com o desempenho da equipe.

 

"O duro agora é aguentar isso", disse, apontando o dedo para dois passageiros que aguardavam embarque num voo com camisas da Argentina.

 

"Acho que chegou a vez deles, mas se não for, eles já têm se saído melhor que a gente em Copas recentes. Isso dá um recado para a gente."

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Jogadores da Holanda comemoram gol contra os EUA pelas oitavas da Copa do Mundo do Qatar - Lee Smith - 3.dez.22/Reuters

Os EUA terão 11 das 16 sedes da próxima Copa: Los Angeles, São Francisco, Seattle, Kansas City, Dallas, Houston, Atlanta, Boston, Philadelphia, Miami e Nova York.

 

O primeiro Mundial sediada nos país, em 1994, de alguma forma ajudou o "soccer", que hoje tem ligas que atraem jogadores como o galês Gareth Bale, que disputou a Copa. No total, foram 25 convocados nas listas iniciais das seleções que jogam no país, distribuídos em outros 11 países (Equador, Argentina, México, Polônia, Austrália, Costa Rica, Canadá, Suiça, Camarões e Uruguai, além dos EUA).

 

A próxima, talvez, sirva para impulsionar a modalidade, que até aqui patina em campo e fora dele.

 

O jornalista viajou a convite da CNH Industrial

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